sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Honduras venceu, por que não engolem?


Se há um assunto que já encheu o saco, é o de Honduras, um país tido por muitos como uma “republiqueta de bananas” que acabou passando a perna nas mais poderosas nações do continente americano, dando uma bela lição aos seus respectivos pseudo-líderes aspirantes a otários, digo, totalitários.

Já é de conhecimento geral que Manuel Zelaya tentou orquestrar um golpe “bolivariano”, chamando a população a participar de um referendo não previsto na lei hondurenha, inclusive colocando uma tenda sobre as urnas para configurar melhor o aspecto circense de uma votação previamente planejada para ser fraudada. Zelaya não foi apenas deposto com um pontapé na bunda, já que, meses antes, estava respondendo a processos judiciais junto ao Ministério Público de Honduras por ter ferido o artigo 239 da constituição daquele país (cláusula pétrea). Como milagre que raramente acontece, sobretudo nos países latino-americanos, a justiça desta vez foi feita, partindo da Suprema Corte a aprovação do afastamento de Zelaya do cargo presidencial e incumbindo às Forças Armadas a tarefa de deixar a marca de graxa das botas no traseiro daquela versão bizarra de cowboy da América Central.

Esta certamente foi uma das poucas vezes em que um líder teve que rebaixar a cabeça e foi tratado igualmente perante a lei. Acontecimentos como este há tempos não ocorrem em países como o Brasil - só para citar um exemplo de nação liderada por uma figura tosca que rouba, compra votos parlamentares e incentiva abertamente atividades criminosas.

Desconhecendo esses fatos óbvios, alguns ativistas têm desempenhado um papel ridículo nessa história. Referimo-nos aqui de um modo especial à International Gay and Lesbian Human Rights Commission - IGLHRC, organização que ainda denuncia a “homofobia existente no golpe militar de Honduras”. Do jeito que esta organização analisa, se um homossexual morrer de ataque cardíaco, vai acabar tendo seu nome nas “listas de mortes de LGBTs”, coisa muito comum aqui no Brasil. Vale lembrar que casos muito mais graves vêm ocorrendo em Cuba, e essas organizações jamais fizeram o mínimo esforço para revelar as violências ocorridas naquele país ou as mentiras de Mariela Castro.

Entendam, não é que somos insensíveis às mortes, mas, neste mundo, quem procura encrenca acaba achando, e a esquerda revolucionária é especialista nisso. Quem, em Honduras, com a sanidade plenamente preservada enfrentaria uma tropa policial usando pedras e coquetéis Molotov senão aqueles seguidores dos apelos de Manuel Zelaya, o qual, do alto da sacada da embaixada brasileira, ordenou aos seus simpatizantes, digo lacaios, que promovessem agitação e uma “onda de violência” para desestabilizar Honduras?

Vamos logo ao que interessa. O email abaixo [1] foi enviado pela IGLHRC, organismo auto-denominado representante “internacional” dos anseios homossexuais. Que eles falem por eles mesmos!

 
Jovem hondurenho e ativista LGBT assassinado numa onda de violência e impunidade.


Para publicação imediata


Contato: Marcelo Ferreyra, (54) 11-4665-7527, mferreyra@iglhrc.org (espanhol e inglês)


(17 de dezembro de 2009) No dia 13 de dezembro, Walter Tróchez, um ativista de direitos gays e membro do “Frente Nacional de Resistência Contra o Golpe de Estado”, foi baleado por alguém que dirigia um automóvel e fugiu. Ele morreu várias horas depois em um hospital em Tegucigalpa, capital hondurenha. De acordo com a ONG hondurenha Red Lesbica Cattrachas de Feministas en Resistência, este é o 16º. assassinato ocorrido entre a comunidade hondurenha LGBT desde o golpe militar ocorrido em 28 de junho de 2009. Desde o despejo do governo democraticamente eleito, o clima de impunidade tem habilitado violentos atos sistemáticos de transfobia e homofobia. Ninguém foi levado até a justiça por nenhum desses crimes, muitos dos quais foram cometidos publicamente. Mais mortes de pessoas LGBT nem sequer devem ter chegado ao conhecimento.


Os direitos humanos das pessoas de todos os setores da sociedade hondurenha estão sendo sistematicamente violados como resultado direto do golpe militar. Contudo, o crescimento acelerado da taxa de pessoas LGBT assassinadas nos últimos cinco meses sugere um padrão de violência.


Aqueles que foram mortos desde o golpe incluem-se:
1. Vicky Hernández Castillo, transgenero, 29 de junho 2009
2. Valeria, (Darwin Joya), transgenero 30 de junho 2009
3. Martina Jackson (Martín Jackson), transgenero 30 de junho 2009
4. Fabio Adalberto Aguilera Zamora, gay, 4 de julho de 2009
5. Héctor Emilio Maradiaga Snaider, gay, 9 de agosto de 2009
6. Michelle Torres, (Milton Torres), transgenero, 30 de agosto de 2009
7. Enrique Andrés García Nolasco, gay, 2 de setembro de 2009
8. Jorge Samuel Miranda Mata (Salome), transgenero, 20 de setembro 2009
9. Carlos Reynieri Salmerón (Sadya), transgenero 20 de setembro 2009
10. Marión Lanza, transgender, 9 de outubro de 2009
11. Montserrat Maradiaga (Elder Noe Maradiaga), transgenero, 10 de outubro 2009
12. Juan Carlos Zelaya, transgenero, 26 de outubro de 2009
13. Rigoberto Wilson Carrasco, transgenero, 2 de novembro 2009
14. José Luís Salandía, gay, 2 de novembro de 2009
15. Homem Anônimo, gay, 4 de novembro de 2009

16. Walter Tróchez, gay, 13 de dezembro de 2009


O trabalho e Walter Tróchez, a vítima mais recente desta violência, incluiu a disseminação de informação sobre direitos humanos em Honduras. Como um ativista LGBT, Tróchez também reportava sobre a situação de direitos humanos de pessoas LGBT durante o golpe, e advogava pela prevenção da contaminação de HIV/AIDS e combatia o fundamentalismo religioso.


Como outros em Honduras, Tróchez encarou abusos significantes contra seu ativismo político (evidentemente esquerdista) [2] e pró-direitos humanos e contra sua orientação sexual, elevados depois do golpe. No dia 20 de julho de 2009, ele foi detido pelas autoridades por participar de um protesto, estando sentado no chão, através do Congresso da República. Durante sua prisão, ele foi brutalmente espancado e [moralmente] denigrido por sua orientação sexual. Depois, em 4 de dezembro, Tróchez foi seqüestrado e surrado por quatro homens mascarados, surgidos de uma picape cinza sem placas, os quais outros ativistas suspeitam pertencer à um corpo de polícia investigativa (DNIC). Ele conseguiu escapar e registrou queixa junto a autoridades nacionais e internacionais dias antes de ser assassinado.


Três dias após o assassinato, no dia 10 de dezembro de 2009 – dia dos direitos humanos - a defensora de direitos humanos LGBT hondurenha Indryra Mendoza palestrou diante de representantes de estado e civis na sede das Nações Unidas em Nova York. Mendoza alertou que a situação das pessoas LGBTs em Honduras é horrível, aclamando por “Estado livre de discriminação por orientação sexual e identidade de gênero [e] fim das impunidades” além de desafiar o papel das organizações religiosas que estão apoiando o golpe.


A International Gay and Lesbian Human Rights Commission (IGLHRC) se mostra em solidariedade e tristeza com os familiars e amigos de Walter Tróchez, e também com todos os que foram assassinados nesses meses sangrentos. A comunidade internacional deve apoiar a continuação corajosa dos ativistas em defender os direitos humanos e as pessoas LGBT em Honduras.


Todas as pessoas tem o direito a vida, segurança, liberdade livre de discriminação independente de sua orientação sexual, identidade de gênero ou crenças políticas. A IGLHRC condena as perseguições e mortes sistemicas de pessoas LGBT e defensores de direitos humanos em Honduras e clama pelo fim à impunidade que permite esta violência e opressão prosperem.



Observação final

Evidentemente, e de maneira bastante curiosa, a IGLHRC não deve ter conhecimento se algo ocorreu ou não contra os homossexuais que estão apoiando a queda de Zelaya, até porque, do ponto de vista marxista, “não existem gays de direita”.


Notas e Referências

[1] IGLHRC. Young Honduran LGBT Activist Murdered in Wave of Violence and Impunity [mensagem pública]. Mensagem recebida por (iglhrc@mail.democracyinaction.org) em 17/12/2009.
[2] Comentários meus.

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