sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Obama promete (mais uma vez) banir a política DADT.

A política “Don’t Ask, Don’t Tell” - DADT, criada nos anos 90 através do empenho do ex-presidente Bill Clinton, estaria sob ameaça de ser banida pelo presidente Barack Obama. Mas será isso mesmo verdade?

Na ocasião da Marcha Nacional dos gays até o Congresso americano, ocorrida no ano passado, Obama fez um discurso contra o DADT em um jantar com ativistas do movimento gay americano, para se esquivar dos que protestavam do lado de fora. Apesar de seu discurso expressar o desejo de acabar com o DADT, segundo Charles Moran do grupo gay conservador Log Cabin Republicans, no mesmo local em que fez mais um de seus famosos discursos, Obama teria dito a um de seus assessores para que enviasse alguém ao Departamento de Justiça americano a fim de tentar preservar a política.

O Log Cabin, que está movendo um processo na justiça contra o governo americano para acabar com o DADT, parece ser o único grupo de homossexuais interessado na concretização das promessas do que simplesmente em discursos comoventes. Ao que parece, este tem sido o cerne da questão do governo Obama: no último dia 27/01, durante o programa Hannity da Fox News, foram entrevistados vários cidadãos norte-americanos e todos eles concordaram que Obama é um sujeito que pronuncia discursos bonitos, mas que, na realidade, não realizou até agora nenhuma de suas promessas. Pior, suas ações, especialmente no campo econômico, têm ganhado cada vez mais uma conotação socialista, agravando as expectativas com relação à economia americana.

Segundo um artigo da Folha de S. Paulo, o suposto desejo do presidente americano em repelir o DADT teria sido criticado pelo senador republicano John McCain, que também concorreu à presidência da república, em 2008. Na verdade, John McCain já disse ser contra o fim do DADT em diversas ocasiões, o que, a princípio, não é nenhum problema, já que, ao menos, se expressa com sinceridade. Porém, o artigo foi escrito partindo do princípio de que o partido republicano como um “todo”, além dos militares, são a favor da medida, como se a questão fosse de caráter político-partidário. Na realidade, entretanto, há militares contrários a esta medida, e estes já se pronunciaram publicamente sobre o fato de a mesma ser contraproducente às Forças Armadas americanas, conforme já foi comentado neste blog (ver post Administração Obama defende “agressivamente” o DADT). Segue abaixo o artigo publicado na Folha de S. Paulo (http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u685786.shtml).


Em discurso, Obama diz que vai mudar política do Pentágono sobre gays

da Reuters, em Washington (EUA)

No aguardado discurso do Estado da união, o presidente americano, Barack Obama, afirmou na madrugada desta quinta-feira que vai trabalhar para derrubar a política conhecida como "não pergunte, não conte" (Don’t Ask, Don’t Tell) que permite que gays prestem serviço militar desde que escondam sua orientação sexual.

"Este ano trabalharei com o Congresso e com nossos militares para finalmente alterar a lei que nega aos homossexuais americanos o direito de servir à pátria que amam do jeito que eles são", disse o presidente, sobre um tema que fez parte de sua campanha pela Casa Branca.

A política começou a ser adotada no Pentágono nos anos 90. Ela proíbe gays de prestar serviço militar, mas também veta que militares questionem a orientação sexual de seus soldados que obedecem às regras.

A promessa de Obama atraiu críticas do senador John McCain, do COmitê de Serviços Armados do senado e adversário de Obama na disputa à Casa Branca.

"Eu acredito que seria um erro repelir esta política", disse McCain. "Esta política bem sucedida está em ação há 15 anos e é bem entendida e predominantemente apoiada por nossos militares em todos os níveis".

A Campanha de Direitos Humanos, o maior grupo de direitos dos gays dos EUA, elogiou o discurso do democrata. "Nosso país simplesmente não pode sustentar esta lei discriminatória que fere a prontidão dos militares ao negar homens e mulheres a oportunidade de servir", disse o presidente do grupo, Joe Solmonese.

Christopher Neff, vice-diretor executivo do Palm Center, que luta pelo fim da política, disse que mais pressão presidencial será necessária. "O caminho para repelir [a política] exigirá tanto uma decisão do comando do presidente quanto de um cronograma claro a seguir".

A política foi assinada em 1993, pelo também democrata presidente Bill Clinton, como um compromisso depois que os militares se recusaram a abrir as portas aos gays.

A política impediu que o governo questionasse recrutas sobre sua homossexualidade, desde que não falassem dela abertamente.

Críticos dizem que ter gays nas Forças Armadas pode destruir o moral e a disciplina. Outros rejeitam este argumento e pedem por uma política mais justa.

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