sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Estado de terror desloca homossexuais de espaços públicos.

Por Aliomar Janjaque Chivaz, ativista gay cubano, via e-mail.

09/02/2010 - Após 3 anos de perseguição, de serem obrigados a mudar de endereço, de prisões, espancamentos, multas e deportações da Polícia Nacional Revolucionária de Cojimar sobre a comunidade homossexual de Havana, [sob o motivo de gays] se reunirem no ponto de encontro [localizado] na Playa del Chivo, os LGBTs decidiram não mais ir a este espaço público em função do estado de terror oficial instaurado naquele lugar, segundo a afirmação de Johan Soler, banhista da praia.

A Playa del Chivo, onde, nos anos de 2006-2007, quase uma centena de gays se reunia aos finais de semana, tornou-se solitária e vazia após uma recente onda de repressão, só comparada à das UMAP [1] nos anos de 1960, de [criação] Fidel Castro, o qual, referindo-se aos gays, declarou em entrevista ao jornalista norte-americano Lee Lockwood: “Nunca acreditamos que as condições e exigências de conduta nos permite considerá-lo um verdadeiro revolucionário e um verdadeiro comunista”.

A lista negra foi uma das técnicas repressivas policiais contra os homossexuais da Playa del Chivo. O ato de ódio consistia em anotar em uma agenda extra-oficial os nomes dos gays freqüentadores da praia. Depois de um determinado número de detenções dos reincidentes, investigava-se os “motivos” [que os levavam a freqüentar o local], de forma que o chefe do setor de sua comunidade encontrasse uma justificação para aplicar a lei do perigo, que determina que o gay deve ser condenado à prisão por estar propenso a cometer um crime no futuro, segundo disse Amanda Zaldívar, lésbica de 28 anos.

A polícia, que chega [à praia Del Chivo] em caminhões da marca Hyundai, tem 4 métodos de abordagem:

A) Escondendo-se entre as uvas do mar [2], esperando até que haja pelo menos uns 30 gays, a fim de cercá-los, como uma “corda”, de forma a apanhá-los e impedindo-lhes a fuga a todo o custo.

B) Aparecendo de surpresa em horas de maior movimento dos frequentadores da praia, provocando, assim, ferimentos naqueles que, durante as fugas, caem nas rochas ou são atacados pelos dentes dos cães.

C) Vestidos de civis, infiltrando-se entre os gays, pedindo suas identificações para depois prendê-los.

D) A patrulha policial se coloca na saída da praia e prende todos que estão indo embora em direção aos seus lares.

Zulendrys Kindelán, coordenadora dos Serviços de Orientação Jurídica do CENESEX, rechaçou as acusações no site da instituição, questionando a veracidade das denúncias de violações de direitos humanos da comunidade homossexual cubana publicadas na internet por organizações residentes na ilha, como a Fundação Cubana LGBT Reinaldo Arenas.


 Imagens cedidas pelo autor do texto, feitas durante uma operação no ano passado na Playa do Chivo, e demonstram a atuação da Polícia Nacional Revolucionária de Cuba durante a perseguição de homossexuais naquele país.



Notas

[1] Unidades Independentes de Ajuda à Produção, também conhecidas como campos de concentração de homossexuais e contra-revolucionários considerados inimigos do comunismo.

[2] Vegetação nativa (N. do T.)

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