sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Vencedor do concurso "Mr. Gay Habana" é levado ao interrogatório.

O estudante de medicina Rafael Chávez González (foto), vencedor do premio "Mr. Gay-Havana" foi levado nesta tarde de quinta-feira à interrogatório pelos oficiais da agência cubana de Segurança do Estado (uma versão comunista da Gestapo) por participar no "ilegal" concurso de beleza "Mr. Gay Habana", ocorrido no dia 29 de agosto na Praia del Chivo (Praia do Bode).

Disseram-me que a Fundação cubana LGBT era uma organização que buscava a derrubada da Revolução, e que o "Mr. Gay" era um invento, uma de tantas falácias do capitalismo, que não era um evento sério em nenhuma parte do mundo, e não entendiam como um estudante de medicina formado pela Revolução podia estar fazendo o "jogo" contra-revolucionário.

Disseram-me que o melhor que eu podia fazer era denunciar publicamente que tudo havia sido uma farsa, e o que se passou na Playa del Chivo foi uma montagem liderada por homossexuais contra-revolucionários da Flórida, e eles poderiam provar que por trás de tudo isso estava as mãos do contra-revolucionário homossexual Efrein Martines, tentando desviar mais uma vez a atenção com alegações de violações de direitos humanos em Havana.

Apenas me deixaram falar, era impossível fazê-los entender que uma atividade tinha um caráter nitidamente cultural, que nunca fomos enganados por ninguém, que os organizadores do evento deixaram claro por muitas vezes que era possível todos sofrerem represálias por participar do evento. Eles nos disseram o que se passou na casa do vice-presidente da Fundação Reinaldo Arenas, contaram como a polícia quebrou e confiscou equipamentos eletrônicos da casa (Televisão, computador e um ventilador roubado), razão pela qual alguns não foram ao evento por medo.


Me ofenderam quando eu disse que o evento foi aberto e transparente, que foram os mesmos espectadores quem selecionaram os vencedores, que eu pude ver como a direção da Fundação formatou na frente de todos o único cartão de memória [de câmera digital fotográfica] que tinham para entregá-la como prêmio, uma memória que o governo vende numa loja a um preço de 30 ou 40 CUC, impossível de comprar por um estudante proveniente de uma família que anda descalça. Foi então quando me perguntaram se eu estava interessado em concluir minha carreira de medicina, disseram que todos os médicos cubanos devem estar comprometidos com a Revolução e que devem ter uma consciência revolucionária inabalável, disse que nunca irá permitir um estudante de medicina cubano apoiar a contra-revolução orquestrada na Flórida.

Só espero que não me privem de estudar medicina apenas por competir em um concurso de beleza.

Além disso, Mario José Delgado González, vice-presidente da Fundação cubana LGBT, que foi golpeado e preso por mais de 13 dias por participar da organização do evento "Mr. Gay Habana", depois de ter sido libertado, negaram-lhe o direito de continuar estudando Sociologia.

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Fonte: MISCELANEASDECUBA. LLEVAN A INTERROGATORIO A ESTUDIANTE DE MEDICINA PREMIO Mr. GAY HABANA: JANJAQUE, Aliomar Chivaz, 04/09/09. Disponível em: <http://www.miscelaneasdecuba.net/web/article.asp?artID=22650>. Acesso em: 04/09/09.

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