domingo, 20 de dezembro de 2009

Aliomar Janjaque, cubano gay desaparecido


Como é de conhecimento dos nossos leitores, o cubano ALIOMAR JANJAQUE CHIVAZ, que já escrevia como correspondente para diversos sites independentes de notícias sobre Cuba ao redor do mundo (mantidos por exilados cubanos que conseguiram escapar do manto da maldição castrista), passou a escrever relatos também para o blog GAYS DE DIREITA, aqui traduzidos e publicados com muito gosto e prazer. Os leitores já devem ter percebido que faz algum tempo que não publicamos mais, assim como outros sites, nenhum artigo do Aliomar. Perdemos inclusive o contato com ele.

As propagandas mentirosas feitas pelo CENESEX, órgão da ditadura castrista mantido por MARIELA CASTRO ESPÍN, nunca revelaram a realidade de como homossexuais são tratados na ilha-prisão de Fidel Castro. Preocupado em fazer vigorar a verdade, Aliomar se colocou à nossa disposição, demonstrando que a face do terror comunista muda de maquiagem mas nunca se esconde. Jovens homossexuais sendo expulsos das escolas, humilhações de todos os tipos, ameaças de morte, encarceramento sem direito a advogado, gays sendo condenados por estarem “suscetíveis a cometer crimes no futuro”, vigilância ostensiva em locais de encontro de LGBTs, multas e cadeias para casais do mesmo sexo que se abraçam ou se beijam em via pública, expulsão de gays de universidades, torturas, entre outros crimes, compõem os fatos vividos no dia-a-dia insuportável de quem tem que agüentar a Família Castro e baixar a cabeça para quem governa sem escrúpulos e com sede de poder. O que está acontecendo em Cuba hoje faz com que o caso Stonewall pareça um verdadeiro conto de fadas.

Diante desta realidade, Aliomar, membro da Fundação Cubana LGBT Reinaldo Arenas, organizou-se com outras centenas de homossexuais espalhados por Cuba reivindicando direitos, sobretudo o direito à liberdade. Realizou atividades culturais para afrontar o regime, driblar o sentimento de medo e zombar das ameaças feitas pelos órgãos de repressão (a Polícia Nacional Revolucionária Cubana e a Agência de Segurança de Estado Cubano). Tais esforços surtiram efeitos, já que os homossexuais começaram a tomar coragem de zombar do regime, desobedecendo aos policiais “revolucionários” quando estes lhes ameaçavam. Foi então que a ditadura cubana percebeu o “perigo” representado por pessoas.

Enquanto muitos se perguntam sobre a veracidade das informações repassadas durante os poucos anos que se manteve como correspondente, o próprio CENESEX não nega mais a existência de Aliomar e da Fundação Cubana LGBT Reinaldo Arenas. A diferença está nos discursos de Mariela Castro Espín, filha de Raul Castro e sobrinha de Fidel Castro que, nos últimos anos, tem procurado ganhar prestigio como uma mulher “protetora dos homossexuais” e “interessada nos seus direitos”, lançando ao mundo uma mensagem “revolucionária” de tolerância sexual, cuja fragilidade foi revelada por Aliomar.

Sempre esteve presente no imaginário das pessoas que as perseguições contra gays em Cuba eram reais, mas também sempre houve pouquíssimas informações detalhadas sobre como os gays e lésbicas eram tratados naquela ilha. Quando havia, essas informações eram bastante genéricas e nada conclusivas. É compreensível que vários comunistas ao redor do mundo tenham se esforçado em desacreditar as afirmações daqueles que disseram, com imenso valor da verdade, que gays são colocados em campos de concentração como medida de contenção do avanço da AIDS e também como meio de “transformá-los em machos” por meio do trabalho pesado e escravo. Após prestar tantos serviços valiosos, o governo cubano compreendeu finalmente que não conseguirá mais atrair o turismo homossexual estrangeiro se não tomasse medidas contra Aliomar.

Desde o dia 3 de novembro de 2009, o blog GAYS DE DIREITA e outros sites mantidos por cubanos exilados e de grupos de militância homossexual ao redor do mundo não recebem mais informações de Aliomar. Nestas circunstâncias, acreditamos que nosso correspondente esteja morto ou, na melhor das hipóteses, preso. Antes desta data, era comum que ele nos enviasse pelo menos um ou dois emails por semana. Depois disto, não temos mais tido nenhuma resposta.

O atual cenário não poderia ser mais terrível. Afirmar que Fidel Castro deve apenas “pedir desculpas pelo que fez aos homossexuais”, como alguns militantes gays afirmam, equivale a dizer “eu gosto de Fidel Castro e ele praticamente não merece nenhuma punição relevante”.

Uma pessoa como Aliomar, que anseia ver seu país livre, encontra pouco apoio de organizações homossexuais espalhadas ao redor do mundo que, mesmo tendo representantes dentro da ONU, não emitem nem uma nota sequer de repúdio contra a ditadura cubana. Infestadas por homossexuais de esquerda, tais organizações até preferem que esses fatos nunca venham à tona a ter o sonho de “reformar a sociedade” dizimado por uma cruel e infeliz realidade anti-libertária.

Se não podemos recorrer aos próprios grupos homossexuais por aí espalhados, então não nos resta alternativa senão relatar o ocorrido para os nossos próprios leitores. Não podemos ficar em silencio diante de tanta hipocrisia e solicitamos que esta mensagem chegue ao maior número possível de pessoas para que se informem sobre o que está acontecendo e se coloquem contra tais arbitrariedades genocidas e criminosas da Família Castro, de modo que o governo cubano acabe, de alguma forma, sendo pressionado a libertar e a parar de perseguir a população homossexual em Cuba e seus demais cidadãos.

Para finalizar, apresentamos aqui uma nota do CENESEX, repleta de mentiras descaradas, para que o leitor constate o nível baixo desse tipo de gente (difícil pensar que sejam humanas).

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COLEGAS e seus aliados mercenários: independentes?

Em meio a uma escalada de ações contra a Revolução Cubana - temperado pelas incursões dos mercenários da blogosfera, as supostas greves de fome y los plantes de Marta Beatriz Roque – a organização espanhol COLEGAS e a intitulada "Fundação [Cubana LGBT] Reinaldo Arenas in Memoriam" – produto da repartição de interesses dos Estados Unidos da América em Cuba e da Coalisão Unida da Flórida – voltam a atacar o trabalho do CENESEX e de outras instituições que trabalham pelo respeito à livre e responsável orientação sexual e a identidade de gênero.

Tudo parece indicar que com a administração de Obama, estes personagens têm recebido a orientação de justificar mais ativamente as milhonárias somas que empregam na guerra suja e midiática contra Cuba.

No último 4 de novembro a organização COLEGAS (de lésbicas, gays, bissexuais e trangeneros) emitiu em Madri um comunicado de imprensa no qual denunciava e deu crédito a “Fundação [Cubana LGBT] Reinaldo Arenas” diante da suposta prisão de seis homossexuais cubanos, além de uma cifra de milhares de detenções similares entre 2007 e 2008. As esmagadoras “estatísticas” apresentadas ia morrer de inveja a muitas organizações de direitos humanos no mundo sobre a questão do acompanhamento e monitoramento, quando também lançou dúvidas sobre a alegada falta de visibilidade de gays cubanos.

Nestes relatórios associa-se a homossexualidade como qualquer ato criminoso e ninguém [do COLEGAS] pode provar que as causas de tais supostas detenções tenham sido pela orientação sexual ou pela identidade de gênero. Mentir é tão obsessivo que é infinitamente repetida no relatório de três ou quatro indivíduos que não representam em todo as lésbicas, gays, bissexuais e transexuais cubanos.

Se refrescarmos a memória histórica, vale a pena destacar que o auto intitulado líder da Fundação [Cubana LGBT] Reinaldo Arenas, Aliomar Janjaque Chivaz, como recentemente em 2007 era pago pelo poder imperial, mas se reportava como "jornalista independente”e Diretor do Bureau de Informação da Coalisão Juvenil Martiana. Este personagenzinho, o próprio relatou uma paródia do sistema de segurança do Aeroporto Internacional José Martí, que em um alegado desvio de fundos financeiros no Hospital Psiquiátrico de Havana.

Entretanto, seu “âmbito informativo” mudou como camaleão para os direitos LGBT em junho de 2008, quando imitou a “Primeira Marcha de Orgulho Gay de Havana”, com um comunicado de imprensa anunciando o apoio logístico e financeiro da Unidade de Coalisão da Flórida e das sete “organizações LGBT”que participariam, as quais foram criadas subitamente para tal. Evidentemente, tal desespero respondeu a uma reação histérica e impotente da contra-revolução, diante do êxito e histórico desempenho da “Primeira Jornada Cubana contra a Homofobia”, que as instituições oficiais e ONGs do país celebraram um mês antes no Pabellón Cuba de La Habana.

A aplacada teve mais jornalistas que participantes – apenas dois – e, para maior desprestígio, tinham disponibilizada uma atividade festiva em uma “residência diplomática” de Havana para o fim da marcha frustrada. Para ninguém é um segredo que se tratava de um posto de comando de operações na residência do encarregado de negócios da Oficina de Interesses dos Estados Unidos.

É oportuno manter a memória histórica para transmiti-la também aos antecedentes preocupantes da organização ‘independente” COLEGAS, a qual – fazendo uso de um evidente travestismo político – recebeu ajuda diante de suas dificuldades financeiras e é aliada ao Partido Popular (franquista) e da comunidade anticubana residente na Espanha. Não é de se estranhar que também foram beneficiados por um aliado, a máfia de Miami, Esperanza Aguirre, presidente da Comunidade de Madri, com sua junta diretiva se dedica sistematicamente a desacreditar – no pior estilo mal-arranjado – não apenas Cuba, mas também outras organizações LGBT espanholas.

Em Janeiro de 2008 COLEGAS coordenou, com fundos da Comunidade de Madri e com apoio do Partido Popular, umas jornadas denominadas “Cuba: Revolução e Homossexualidade”, nas quais montaram uma festa de calúnias contra nosso país por parte de um grupo de fama contra-revolucionária radicada na Europa, entre eles Zoé Valdés, Ernesto Gutiérrez Tamargo, Luis Margol e, é claro, o presidente desta organização, Rafael Salazar.

COLEGAS também protagonizou a concentração “Cuba, 50 anos sem liberdade”, junto à Frente Nacional (partido ultra-direita e franquista, que propunha a expulsão massiva de cidadãos estrangeiros e não oculta suas posturas homofóbicas). Particularmente chama a atenção que COLEGAS, ademais, defendeu publicamente o Estado de Israel no massacre perpretado no início de 2009 contra o povo palestino, na Faixa de Gaza.

Com esses antecedentes, com que moral COLEGAS se atribui o direito de denunciar uma presunçosa violação dos direitos humanos em Cuba?

O Centro Nacional de Educação Sexual – CENESEX) e os ativistas LGBT que colabora com o Centro rechaçamos categoricamente o conteúdo das declarações dirá por esta organização sobre o nosso trabalho. Consideramos que são mostras de arrogância, desrespeito, ódio e o enfoque politizado com que se pretende manipular a realidade das pessoas LGBT em Cuba.

O CENESEX está disposto a dialogar com temas relacionados com os direitos humanos LGBT em um clima proveitoso de intercâmbio, irmandade, respeito e reconhecimento mútuo; porém jamais utilizaremos nem permitiremos o descrédito, o oportunismo, a mentira, nem o duplo-discurso sobre o desempenho do nosso trabalho, muito menos se provem de organizações mercenárias, que não são mais do que pontas de lança de Partidos fascistóides e de políticas imperiais.

Aos transexuais cubanos que por delitos comuns haviam cumprido sentença penal, foram-lhes garantido atenção gratuita por nossos especialistas nas prisões, em absoluto apego ao respeito à sua identidade de gênero e de seus direitos como pessoa. Uma delas está na lista para submeter-se em breve a uma cirurgia de mudança de sexo e, diante das mentiras a este respeito, essa pessoa não é membro do Partido Comunista, não terá que pagar nada pela cirurgia e nem será beneficiada a mais com relação a nenhum outro cubano.

Cuba não é perfeita, teremos ainda muito em que trabalhar na erradicação das diferenças de gênero, na luta contra a homofobia, na educação sexual de nossas crianças e jovens, no aperfeiçoamento de nossa legislação para fazê-la mais inclusiva e justa. Contudo, não aceitaremos pressões nem interferências políticas parcializadas em nossos assuntos internos.

O CENESEX e seus colaboradores continuarão trabalhando, como temos feito durante os últimos 20 anos, pelo bem estar de todas as pessoas, independente de suas crenças, opiniões políticas, orientação sexual, genero ou cor de pele.

La Habana, 19 de novembro de 2009.

(NOTA: em gesto de absoluta indignação e protesto contra este desaparecimento, colocamos ao lado esquerdo do blog uma foto de Aliomar Janjaque, com um relógio contando os dias desde seu desaparecimento, na esperança que isto estimule a concientização e a indignação de todos os brasileiros, sobretudo dos homossexuais "gestores" do movimento gay que estiveram na semana passada em Cuba apertando as mãos de Mariela Castro Espín em sinal de solidariedade com o socialismo.)


Referências

CENESEX. COLEGAS y sus Aliados Mercenarios: ¿Independientes? Sociedad Cubana Multidisciplinaria para el Estudio de la Sexualidad - Sección Diversidad Sexual: 19/11/2009. Disponível em: http://www.cenesex.sld.cu/webs/diversidad/colegas_mercenarios.html. Acesso em: 20/11/2009.

Um comentário:

  1. Gustavo, a Yoani falou alguma coisa sobre o desapareceimento? Digo, alguma coisa que pudesse ser entendida como a atitude de alguém que é dita pelo mundo afora como a grande defensora dos direitos humanos em Cuba?

    Abraços irmão

    Cavaleiro do Templo

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