segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Existe a Homossexualidade no Tora?

O artigo abaixo foi obtido do site "JGBR - Judeus Gays Brasileiros", que infelizmente não está mais disponível. A autoria pertencente está escrita nas referências.
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O propósito destes simples comentários não é buscar uma justificativa na Bíblia para apoiar qualquer tipo de atividade sexual. Sinceramente, não preciso disso, já que sinto o amor de Deus como expressão de amor, de forma plena e também através da minha sexualidade. Cabe mencionar que incluo citações bíblicas, comentários de vários autores, reflexões pessoais, enfim, tudo o que empregarei pessoalmente para ajudar outras pessoas que se sentem angustiadas pelo aparente dilema de escolher entre sua homossexualidade e sua relação com D’us e sua sinagoga.

O uso da Bíblia como provedora do alimento espiritual foi eclipsado várias vezes devido a más interpretações. Mostra disso é a maneira como foi usada para justificar a escravidão ou impor monarquias abusivas nos séculos passados. No entanto, pouco a pouco foi encontrada a verdadeira interpretação destes temas, até se chegar ao ponto de eliminar por completo todas as falsas interpretações. Porém, infelizmente, não acontecesse o mesmo com a homossexualidade, que ainda é condenada em muitas sinagogas do mundo.

O uso de dados bíblicos tem suas limitações, como aponta um Rabino. Por um lado, as Escrituras estão histórica e culturalmente limitadas. Por outro lado, não seria aceitável uma tese baseada apenas em textos isolados fora de contexto.

Podemos aceitar, sem mais nem menos, o que nas traduções da Bíblia é denominado homossexualidade, dando por certo que o pensamento dos autores bíblicos implicava o que entendemos hoje por tal?

A respeito da interpretação das Sagradas Escrituras, dado que nelas D’us fala através dos homens e de uma forma humana, o intérprete destas deveria - para ver com clareza o que D’us queria comunicar - investigar, com o máximo de cuidado, o que os autores sagrados queriam dizer na realidade e o que D’us desejava manifestar por meio de suas palavras.

Poderíamos nos perguntar de maneira simples: como é possível que a palavra "homossexual", que surgiu no século passado, seja usada em textos de dois mil anos de antigüidade? De fato, sodomita foi a palavra que encontramos nas primeiras traduções modernas, mas não nos textos originais...

Textos da Torá

Ao anoitecer vieram dois anjos a Sodoma, a cuja entrada estava Lot assentado. Este, quando os viu, levantou-se e, indo ao seu encontro, prostou-se, rosto em terra e disse-lhes: "Meus senhores, vinde para a casa de vosso servo, pernoitai e lavai os vossos pés nela. Levantar-vos-eis de madrugada e seguireis vosso caminho." Porém, eles disseram: "Não, passaremos a noite na praça." No entanto Lot insistiu muito e, por fim, eles aceitaram ir à casa dele, deu-lhes um bom jantar, fez assar uns pães e eles comeram. Mas, antes que se deitassem, os homens daquela cidade cercaram a casa, os homens de Sodoma, assim os moços como os velhos, sim todo povo de todos os lados. E chamaram por Lot e disseram: " Onde estão os homens que à noite entraram em tua casa? Traze-los para fora. Queremos deitar com eles." Saiu então Lot à porta, fechou-a e lhes disse: "Rogo-vos, meus amigos, que não façais algo tão perverso. Tenho duas filhas virgens, e vo-las trarei para que façam com elas o que quiserem, porém nada façais a estes homens, porque são meus convidados." Eles disseram: "retira-te daí. Só faltava que um estrangeiro como tu quisesse mandar em nós. A ti, pois, faremos pior do que a eles." E arremessaram-se contra Lot e se chegaram para arrobar a porta. Porém, os visitantes, estendendo a mão, fizeram entrar Lot fecharam a porta e deixaram cegos os que estavam fora, desde o menor até o maior, de modo que se cansaram à procura da porta. Então, disseram os homens a Lot: "Tens aqui alguém mais dos teus? Genros e teus filhos e tuas filhas, todos quantos tens na cidade, faze-os sair, pois vamos destruir este lugar, porque seu clamor tem aumentado, chegando até a presença do Senhor. E o Senhor nos enviou para destruí-lo." Então saiu Lot e falou a seus genros, aos que estavam para casar com suas filhas, e disse: "Levantai-vos, saíde deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade." Acharam porém que ele gracejava. Como estava amanhecendo, os anjos disseram a Lot: " Levanta-te, toma sua mulher e tuas filhas que aqui se encontram, para que não pereças no castigo da cidade."

Esta é a passagem mais antiga que, geralmente, foi usada para justificar a perseguição, encarceramento e morte de milhares de homossexuais. Pois bem, vejamos:

Como é possível que todos, desde o mais jovem até o mais velho, tenham sido homossexuais se o número estimado nas cidades é de aproximadamente 10% de homossexuais mais ou menos discretos? Além disso, o versículo 14 diz que Lot tinha genros prometidos para suas filhas. Consequentemente, poderíamos ver aqui homossexuais como os de hoje em pequeno número, ou um fenômeno social de homossexualidade como meio de abuso, violência ou falta de hospitalidade? Esta pergunta pode ser respondida ao ver-se, por exemplo, que o próprio Lot ofereceu suas filhas como último recurso para acalmar a luxúria dos sadomitas, mas eles não aceitaram e disseram que iam fazer pior com ele do que com os outros. Certamente, não lhe fizeram nada sexual, porém, como indica o versículo 9, começaram a "maltratá-lo", isto é cometeram violência e abuso. Os versículos 11 e 12 do Gênesis mostram que deixaram cegos a todos e que estes se cansaram de procurar a porta. Então, era a violência e não o impulso sexual que os fazia continuar procurando a porta depois de ficarem cegos.

Encontramos outro exemplo similar a este em Juizes 19:15-26.

Depois de caminhar muito para não ficar em uma cidade pagã, mas numa cidade israelita, por fim, o levita, sua concubina e sua criada chegaram a uma cidade israelita, onde supostamente encontrariam hospitalidade e isto aconteceu...

15 Retiraram-se para a Gibeá, a fim de nela passarem a noite. Entrando nela, o levita assentou-se na praça da cidade, porque não houve quem os recolhesse em casa para ali pernoitarem.

Eis que, ao anoitecer, vinha do seu trabalho do campo um homem velho; era este da região montanhosa de Efraim e vivia ali como forasteiro, pois os que viviam em Gibeá eram das tribos de Benjamim. Quando o ancião viu o viajante na praça, perguntou:

- De onde vens e para onde vais?

E o levita respondeu:

- Estamos de passagem. Viemos de Belém de Judá, e vamos para a parte mais distante dos montes de Efraim, onde vivo. Estive em Belém, e agora regresso a casa, mas não encontrei aqui ninguém que me dê alojamento. Temos palha e pasto para os nossos jumentos, e pão e vinho para nós. Não há falta de coisa nenhuma.

Porém o velho respondeu:

- A paz esteja contigo, tudo quanto vier a faltar que fique a meu cargo. Não vou permitir que passes a noite na praça.

O velho levou-os para casa e, enquanto os viajantes lavavam os pés, comiam e bebiam, ele deu de comer aos jumentos.

No momento em que estavam mais contentes, e eis que uns homens pervertidos da cidade cercaram a casa, começaram a bater na porta e disseram ao velho dono da casa:

- Traze para fora o homem que tens em tua casa! Queremos dormir com ele!

Porém o dono da casa pediu:

- Não, meus amigos, por favor! Não cometam tal perversidade, já que este homem é meu hóspede. Ai está minha filha que ainda é virgem e a concubina dele. Vou trazê-las para fora, para que as humilhem e façam com elas o que quiserem. Porém, com este homem, não comentam tal perversidade.

25 Porém, eles não quiseram ouvir. Então, o levita pegou a concubina e a deixou na rua e eles a violaram e abusaram dela a noite toda até pela manhã. Então, a deixaram.

26 Ao romper a manhã, a mulher regressou à casa do ancião, onde estava seu marido, e caiu morta diante da porta.

É surpreendente a semelhança deste relato com o do Gênesis, só que aqui houve sim um crime sexual e ninguém emprega este relato para condenar a heterossexualidade. A violência e a falta de hospitalidade é que são é que são condenadas. Este ponto de vista também é compartilhado por um médico, que considera que o pecado dos sadomitas não tem, necessariamente, uma conotação sexual, mas que poderia ser interpretado como uma violação da hospitalidade. Para se fazer notar isto, a Bíblia na passagem anterior (Gênesis, 18) dá um exemplo do que deveria ter sido feito em Sodoma: mostrar hospitalidade a estes mesmos anjos. Estes dois capítulos estão postos, não por coincidência, diante de nós, como contraste e exemplo do que se deve fazer e para ressaltar o pecado dessas cidades: a falta de hospitalidade.

Longe de falar de amor entre pessoas do mesmo sexo, fala de violência. A história nos conta que alguns exércitos abusavam sexualmente do exército derrotado em sinal de humilhação e subserviência. Na Bíblia, há cerca de cinqüenta referências à Sodoma e somente uma esta relacionada com atos sexuais: Judas, 7, que diz:

Como Sodoma e Gomorra, as cidades circunvizinhas se entregaram à prostituição (grego: ekporneúsasai) e se deixaram levar por vícios contra a natureza (grego: sarkós hetéras). Por isso, sofreram o castigo do fogo eterno e serviram de exemplo a todos.

A tradução mais correta é a de algumas versões que usaram “carne diferente”: sarkós é carne e hetéras é diferente. De fato, esta última dá origem à palavra heterossexual. A Bíblia de Jerusalém oferece uma boa explicação do termo “carne diferente”:

Carne que não era humana, posto que seu pecado tinha sido o de querer abusar dos anjos.

O apócrifo Testamento dos Doze Patriarcas, semelhantemente a Judas, 6-7, menciona, ao mesmo tempo, o pecado dos anjos e o de Sodoma. Judas, ao que parece, faz alusão aos anjos mencionados em Gênesis, 6, que tomaram corpos humanos e fizeram sexo com mulheres, e daí nasceram gigantes violentos, chamados nefilim, que foi uma das razoões pelas quais a Terra foi destruída pelo dilúvio. Ao que parece, cita o Livro de Henoc, como mostram os versículos 14 e 15, no qual está escrito com detalhes o castigo dos anjos, que criaram corpos humanos e fizeram sexo contra sua natureza espiritual, ou com carne diferente. Pelo simples fato de serem eles anjos, como em Sodoma, esse era um ato antinatural: uma criatura humana querer sexo com uma criatura celestial vai contra a natureza de ambos, em especial, como cita Judas, para os anjos, porque eles não se reproduzem, não lhes foi dado um corpo com o qual pudessem ter práticas sexuais.

No entanto, há muitos textos mais que apontam qual foi a verdadeira causa da destruição destas cidades. Um exemplo disso são os livros deuterocanônicos de Sabedoria, 19:13-14 e Eclisiastes, 16:8, que contam a falta de hospitalidade e o orgulho foram as causas. Da mesma maneira os profetas, como Ezequiel, apontam também qual foi a causa. Ezequiel, 16:46-49 diz:

46 E tua irmã, a maior, é Samaria, que habita a tua esquerda com suas filhas; e a tua irmã, a menor, que habita a tua mão direita, É Sodoma e suas filhas.

47 Todavia não só andaste nos seus caminhos, nem só fizeste segundo suas abominações; mas como se isto fora pouco, ainda te corrompeste mais do que elas.

48 Tão certo quanto eu vivo, diz o Senhor D´us, não fez Sodoma tua irmã, nem e suas filhas, como tu fizeste e também tua filha.

49 Eis que esta foi a iniqüidade de Sodoma, tua irmã: ela e suas aldeias sentiam-se orgulhosas por terem mais abundância de alimentos e por gozarem de tranqüilidade, mais nunca ajudaram nem ao pobre, nem ao necessitado.

O versículo indica de maneira clara qual foi o pecado, e este ao está relacionado ao sexo.

Porém como os cristãos, podemos nos perguntar o que disse Jesus a respeito desta cidade. Encontramos a resposta em Lucas, 10:12 e em Mateus, 10:14-15, que nos diz:

14 E, se ninguém vos receber, nem escutar as vossas palavras, saiam da quela casa ou cidade e sacudam o pó de seus pés.

15 Em verdade vos digo que, no dia do juízo, o castigo para essa cidade será pior que para a gente da região de Sodoma e Gomorra.

Mais uma vez, fala-se da falta de hospitalidade. Sim, como vimos, essa interpretação do verdadeiro pecado de Sodoma é correta, encontramo-nos diante de um dos paradoxos mais irônicos da história. Durante milhares de anos, o homossexual tem sido vítima da falta de hospitalidade. Condenado por sinagogas, sofreu perseguição, tortura e, inclusive, a morte. Em nome de uma interpretação errônea do crime de Sodoma e Gomorra, repetiu-se e continua se repetindo diariamente o mesmo crime.

Porém continuemos analisando textos da Torá

Não te deite com um homem como se deita com uma mulher. Isto é um ato infame (Levítico 18:22 e 20:13).

Se também um homem se deitar com outro homem, como se fosse mulher, condenará os dois à morte e serão responsáveis por sua própria morte, pois cometeram um ato infame (Levítico 18:22).

Para começar, estes textos não dizem que se comete um pecado. Falam de “um ato infame” em algumas versões ou, segundo outras, “uma abominação” ou um “ato impuro”. Um pecado é muito diferente de um ato abominável. O Levítico era como um muro que distinguia Israel das cidades que a rodeavam, não somente pelas regras sanitárias, como por algo ainda mais importante, relacionado com as regras de pureza espiritual e adoração. Estas últimas são as questões vinculadas aos atos homossexuais, já que estes eram conhecidos sob dois aspectos: como humilhação e como um ato de idolatria, conforme veremos com mais detalhes.

Nesses textos é usada a palavra ToEVAH, a qual está sempre associada à idolatria e não ao pecado, denominado pelo termo ZIMAH. E não só é pecado, como também é injusto usar atualmente o mesmo texto que era aplicado a uma nação há milhares de anos. Se nós podemos fazer isto, então teremos também que aplicar os qualificativos de abominável ou impuro, segundo o mesmo livro do Levítico, aos seguintes atos:

- Comer carne de porco (11:2, 7; 31-33);
- Misturar dois tipos de tecidos (19:19);
- Raspar as costeletas (19:27);
- Fazer tatuagens (19:28);
- Comer camarão, lagostim, avestruz ou coelho (11:2-16;31-33);
- Aparar as pontas da barba (19:27);
- Comer coisas com sangue (19:26);
- Ter um filho e, pior ainda, ter uma filha (12:2-6);
- Semear a terra com mistura de sementes (19:19);
- Polução noturna (22:4);
- A menstruação feminina (15:19-23);
- Tocar em uma mulher menstruada (15:24)

E também muitas coisas que todos nós fazemos hoje. No caso de condenação à morte, esta também deveria ser a aplicada a:

- Os filhos que amaldiçoem os pais (20:14);
- Os adúlteros (20:10);
- As relações sexuais durante o período menstrual (20:18);
- Os filhos bêbados (Deuteronômio, 21:18-21);
- Pessoas que tivessem relações com animais (20:16)

Para ressaltar que essas leis tinham o propósito de manter limpo espiritualmente o povo de Israel, consideramos como exemplo, as relações sexuais com animais, os quais eram mortos depois destas.Algo parecido acontecia com os recipientes de barro que fossem tocados por uma mulher menstruada, que teriam de ser quebrados. E, se um homem abusasse de um garoto, ambos eram castigados com a morte, não importando se a criança consentiu ou não. Poderíamos pensar que tanto o animal quanto os objetos não tinham nenhuma responsabilidade por ficar “imundos”. No entanto, isso é compreendido ao descobrirmos que não é uma questão de “moral”, mas sim, da pureza espiritual que esse povo especial de D´us deveria ter.

Então considerando o anterior, que não é “impuro” ou cometeu atos “infames” segundo o Levítico? Ninguém. Além do mais, como o mesmo texto indica, eram coisas que deveriam deixar de fazer, não porque todas fossem más, senão porque era o que as nações pagãs que os rodeavam faziam em seus rituais a outros deuses pagãos. Este foi o aviso:

Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Cannã, para a qual eu vos levo, nem andareis nos seus estatutos. (Levítico, 18:3;18:24-30;20:23).

Além disso devemos considerar o momento histórico: todos os atos homossexuais conhecidos pertenciam à homossexualidade cultual do Egito e Cannã, o qual não se assemelhava à relação de dois adultos, que se amam e se respeitam e que desejam se unir, apoiar e crescer juntos. Consideramos também que, para o povo Israelita, ter filhos era uma grande benção. D´us prometeu a Abraão que sua descendência seria como os grãos de areia no mar e as estrelas nos céus. Da mesma forma, nesses tempos, Israel se converteu num povo guerreiro. Para poder conquistar a Terra Prometida, tinha que contar com guerreiros, procriar bastante e casais homossexuais limitariam demais a realização, dessas medidas, sem falar que os judeus não podiam ver a homossexualidade como viram os gregos e romanos mais adiante.

Para destacar que conheciam a homossexualidade como uma prática idólatra, analisaremos o seguinte texto:

Havia também na terra prostitutos cultuais, que faziam todas as coisas abomináveis que o Senhor expulsara de diante dos filhos de Israel (1 Reis, 14:24).

Em algumas versões este texto está traduzido como prostitutos, homens afeminados, sadomitas e homossexuais no lugar de prostitutos sagrados ou de templo (Deuteronômio, 23:17-18, 1 Reis, 15:12 e 22:46; 2 Reis 23:7). A palavra hebraica usada é kadesh, que se descobriu que descreve os prostitutos do templo, isto é, pessoas que, sem importar a orientação sexual, tinham sexo com homens e mulheres com a finalidade de adorar seu Deus. Agora, nas novas versões, em vez de usar “prostitutos sagrados” usam a palavra “homossexual”. Para justificar sua intolerância, manipulam e mudam estes textos que não se referem ao homossexual, nem a sexualidade, mas à idolatria.

Certo, temos a vantagem dos milhares de anos transcorridos e um conhecimento muito maior de D´us e de sua relação com a humanidade, para não mais nos atermos a regras tão meticulosas dadas a um povo que as necessitava.

Bom, no “Novo Testamento”, encontramos os escritos de Paulo. Paulo nasceu em Tarso (hoje Turquia) e seus pais, fiéis cumpridores da religião judaica, chamaram-no Saulo, como o antigo rei hebreu, e ao oitavo dia foi circuncidado, conforme estipulava a lei judaica. Foi educado com o maior rigor, de acordo com a interpretação farisaica da lei e, sendo um judeu jovem da Diáspora (dispersão dos judeus no mundo greco-romano), escolheu o nome latino de Paulo, pela similitude fonética com o seu.

Suas cartas refletem um conhecimento profundo da retórica grega, algo que, sem dúvida, aprendeu quando jovem em Tarso, mas seus modelos de pensamento refletem também uma educação formal na lei mosaica, quem sabe recebida em Jerusalém do famoso mestre Gamaliel, o Velho, durante a preparação para se converter em rabino. Destacado estudioso da lei e defensor tenaz da ortodoxia judaica (Gálatas, 1:14: Filipenses, 3,:6), seu ciúme o levou a perseguir a incipiente Igreja Cristã por considera-la uma seita hebraica que deveria ser destruída, por ser contrária à lei (Gálatas, 1:13).

Qualquer tentativa de resumir a pensamento de Paulo enfrentaria vários obstáculos, em particular o fato de que suas cartas eram dirigidas a uma comunidade determinada, abordando seus problemas específicos, com a finalidade de corrigir seus erros. Paulo, como bom judeu, com o conhecimento da lei, adotou o ponto de vista que vemos em todo a Tora: separar o povo de Deus dos outros povos pagãos que rodeavam, para não cair em práticas de idolatria. Vejamos, pois, estes textos:

24 Pelo que também Deus os abandonou aos desejos impuros que há neles e praticaram ações vergonhosas entre si.

25 Pois mudaram a verdade de D´us em mentira, e honraram e serviram mais à criatura do que ao Criador, que é bendito eternamente. Amém.

Pelo que D´us os abandonou às paixões vergonhosas. Até suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.

E, semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos o castigo merecido por usa perversão (Romanos, 1:24-27).

Por ser cidadão romano, Paulo conhecia as práticas destes e, evidentemente, devido à sua origem judaica, devia parecer-lhe chocante a homossexualidade aberta que presenciou na Grécia. Seu argumento principal e constante foi que o predomínio das práticas de homossexualidade era indício do afastamento de D´us. Sustenta que este, tal qual sua consistência o entende, é o resultado da idolatria. A pessoa não é idolatra por que é homossexual. No entanto, participa de atividades homossexuais por que é idólatra. D´us castiga o idólatra entregando-o a seu egoísmo e suas paixões. Parece que Paulo trata das atividades de homossexualidade unicamente no contexto da idolatria. O código de santidade (Levítico) estabelece com clareza a conexão entre idolatria e atividade homossexual.

Referências

JGBR. Existe a homossexualidade na Tora? RISENFELD, Rinna. Obtido em:<http://www.jgbr.com.br/>. Acesso em: 04/06/2004. (site não mais disponível)

Um comentário:

  1. Pelo o que eu conheço, "A Pessoa Deus" em nenhum momento se mostra a favor da homossexualidade. Já li a Bíblia uma vez e não estou falando de teologia, hermenêutica nem nada disso mas na leitura simples que qualquer pessoa faça vai encontrar diversas condenações a respeito dela. O texto que fala de Sodoma e Gomorra diz que os homossexuais são filhos de Sodoma sendo então interpretado por filhos do pecado, filhos da perdição. Uma leitura simples pode esclarecer tudo mas eu digo, tive problemas com isso a um tempo atrás e Jesus me mostrou a saída. O que temos hoje são muitos falsos profetas, não condiz nada com o plano de Deus a homossexualidade. Um versículo que deixa claro isso é 1 Coríntios 6. 9,10 sodomitas são os homossexuais, nitidamente explicito na Bíblia. A homossexualidade é um dos artifícios do inimigo para parar o seu ministério e as suas promessas que Deus fez a você. Assim como qualquer outro pecado de porte 1 Coríntios 6.9,10. Não se engane sodomitas não herdarão o Reino de Deus. Gostei do blog quero ajudar no que eu poder os que querem ajuda nessa área.
    Abraço, fica na paz!

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